Guerra da Tríplice Aliança - 150 anos: prévia e início

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História | Gabriel Neri | 09/03/2020 08h39

Guerra da Tríplice Aliança - 150 anos: prévia e início

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(Reprodução/História Ilustrada) (Reprodução/História Ilustrada)

Em 2020, a Guerra da Tríplice Aliança, conhecida também como Guerra do Paraguai completará 150 anos do seu fim. O conflito militar foi o mais sangrento da história da América Latina e pode ser considerado a nossa 'Grande Guerra'.

Como forma de reviver essas memórias e valorizar a história do Brasil, Paraguai e do Mato Grosso do Sul, o MS em Dia trará uma série de matérias que contam sobre isso. A primeira será contando as causas Grande Guerra, que aconteceu entre 1864 e 1870, e o início do conflito.

Prévia da Guerra

Para entender a Guerra, temos de contextualizar a situação política dos quatro países envolvidos e temos de voltar para a década de 1850 e seguir até 1864.

Argentina

Na década de 1850, com o fim da Guerra do Prata, foi assinado o Acordo de San Nicolás, que mudou o pacto unitarista na Confederação Argentina. Isso gerou uma decentralização do país e deu grande autonomia às províncias.

Isso não foi aceito por Buenos Aires, que antes tinha o poder central. Assim, durante oito anos, a Argentina esteve divida em dois estados: os federalistas e os unitaristas. Os primeiros defendiam a maior autonomia das províncias (equivalente a Estados) e os outros queriam a união e o poder na capital novamente.

Chegamos a ter conflitos armados em território argentino durante esse período, de um lado, os comandados por Justo José Urquiza e do outro, Bartolomé Mitre e seus unitaristas. Essa 'guerra' só cessou em 1861 com a vitória dos de Mitre na Batalha do Pavón. Assim, no ano seguinte, a Argentina tinha seu primeiro presidente, Bartolomé Mitre.

Em seus atos iniciais, ele tentou enfraquecer as províncias e forçar uma dependência de Buenos Aires. Além disso, a Argentina colocava barreiras para o Paraguai com o intuito de o país aceitar a supremacia de Buenos Aires.

Desse modo, aumentava a rixa na América Platina e a instabilidade.

Mitre além de político, também era militar e escritor (Reprodução/History Play)

Uruguai

O país da cisplatina vivia em crise após mais de dez anos com uma guerra civil. O Uruguai parecia estar vivendo uma recuperação econômica. O presidente na época era Bernardo Berro, do partido Blanco.

Porém, a política de Berro não funcionava. Isso tem alguns fatores: a presença de brasileiros no território uruguaio (cerca de um terço da população do país era brasileira), a tentativa de abolição no território e por fim, a queda no preço do charque. 

Com esses fatores, o governo estava por um fio. Os atos de Berro não tinham mais efeito e aliado ao interesse brasileiro, que era contra o protecionismo uruguaio, ele caiu.

Paraguai

O país do chaco tinha o maior desenvolvimento da região. Desde o governo de Carlos Antonio López, o Paraguai cresceu e muito. Antonio López era pai de Francisco Solano López. E durante cerca de 20 anos, a economia paraguai impulsionada pela exportação de erva-mate e tabaco ia miuto bem.

Carlos foi o primeiro presidente do Paraguai e investiu em obras de infraestrutura e como consequência, tinha a melhor economia da bacia platina. Além disso, contava com outro fator, a estabilidade política. Porém, faltava uma coisa ao Paraguai: a saída para o mar.

Após a morte de seu pai, Solano López assumiu o Paraguai e acabou com a política de paz e conciliação. Era o começo da ditatuda de López.

Solano López nasceu em 24 de julho de 1827 e morreu em 1 de março de 1870 (Reprodução/Pinterest)

 

Brasil

Já o Brasil vivia a fase de seu Segundo Reinado, que foi o período de maior establilidade política e econômica no Império. No entanto, foi na calmaria que começou a surgir as instabilidades. Na década de 1860, os movimentos liberais começaram a ganhar mais força e na metade da década, o Brasil estava na Guerra do Paraguai. E isso foi, no futuro, uma das causas da queda da monarquia de Dom Pedro II e a instauração da República.

Situação Geral

Com a situação cada vez mais tensa na bacia platina, tudo se desenhava para a Guerra e o pivô foi o Uruguai. A instabilidade uruguaia com a Guerra do Uruguai (ou Guerra conta Aguirre) elevou o nível de rivalidade entre os países.

De um lado, o Paraguai e os federalistas argentinos apoiavam o partido Blanco, que comandava o país. Mas, do outro lado, tínhamos o Império do Brasil e a Argentina que apoiavam o partido Colorado. Esse período durou do fim de agosto de 1864 até fevereiro do ano seguinte.

No princípio, o Brasil não estava envolvido no conflito uruguaio, mas tudo mudou durante a rebelião colorada.

No mesmo ano, Venancio Flores, líder colorado, se rebelou estimulado pela Argentina e, agora, pelo governo brasileiro. O Império tentou uma política mais pacífica com Atanasio Aguirre, o sucessor de Berro, mas não teve efeito.

A decisão de colorados, argentinos e brasileiros foi a de usar a força para tomar o poder. E assim fizeram: tomaram uma cidade após a outra e isolaram os Blancos em Montevidéu, capital do Uruguai. Mesmo não oficialmente, o país era colorado.

A partir daí, com o Paraguai sem seu principal aliado, Solano López começou o que chamamos de Ofensiva Paraguia

Ofensiva Paraguaia

Como forma de revidar o golpe que os aliados sofreram no Uruguai, Solano López decidiu prender o navio Marquês de Olinda em novembro de 1864. Depois disso, não teve mais volta. O passo seguinte foi invadir o sul da Província de Mato Grosso, atual Mato Grosso do Sul. A área tomada foi do Forte Coimbra, Corumbá, a região de Dourados e o sul do Estado.

Após essa ação, a Guerra ainda não estava declarada. Neste primeiro momento, a Argetina de Bartolomé Mitre era neutra. Só que tudo mudou quando Solano López pediu para passar pela Província de Corrientes para chegar ao Uruguai. Com medo de sofrer um golpe e seu poder cair, Mitre não aceitou o pedido. Assim, Paraguai declarou guerra à Argentina, que agora, tinha um lado. Em abril, invadiu Corrientes.

Província de Corrientes (destacada em vermelho) foi invadida em abril de 1865 (Google Maps)

E assim, encerramos a primeira parte da série de matérias que contará sobre a história sobre a Guerra da Tríplica Aliança. Na próxima, falaremos da continuação do conflito até a queda de Solano López.  

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